"O jornalista e escritor (????) Dagormi Marquezi escreveu o seguinte artigo na revista Época:
A Madonna é roqueira??!!?Madonna foi eleita para o hall da fama do rock'n roll. Nada contra, mas o rock merece mais respeito.
Toda instituição tem sua história oficial. O rock não foge à regra. Ainda existe o rock-‘n’-roll vivo, alternativo, capaz de incendiar platéias. Mas ele está cada vez mais restrito a bandas cover tocando em palquinhos de bares esfumaçados. E nas metafóricas garagens, é claro, onde pessoas juntam suas guitarras, baixos e baterias para tremer a vizinhança com fúria e alegria.
Mas a instituição “oficial” rock-‘n’-roll está se cristalizando num ritual manjado de truques repetitivos. Tivemos a oportunidade de ver recentemente no Brasil dois exemplos típicos desse enferrujamento – os megashows dos Rolling Stones e do U2 e seus truques de cena para disfarçar a atual mediocridade musical dessas bandas.
A história “oficial” do rock hoje tem até um “Salão da Fama” num museu instalado em Cleveland, Ohio. A cada ano são escolhidos para o Rock and Roll Hall of Fame novos membros. Essa escolha virou um importante evento anual de mídia. A lista começou em 1986 e de cara homenageou todos os grandes nomes da origem do gênero – Chuck Berry, Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Fats Domino, Bill Haley, Carl Perkins etc. Até aí não há o que discutir. Vieram depois outros nomes óbvios como os Beatles, os Stones, The Who, Jimi Hendrix, Cream, The Doors, Animals, Led Zeppelin, Frank Zappa, Pink Floyd, Queen, Aerosmith, Ramones, Van Halen, Clash.
Chegamos aos indicados de 2008 e quem está lá? Madonna! Madonna no Rock and Roll Hall of Fame?! Nada contra ela, nem contra seus fanáticos seguidores, mas o rock ainda merece algum respeito. Se existisse um “Marketing Hall of Fame”, eu seria o primeiro a dar meu voto a madame Ciccone. Mas Madonna no salão do rock?
Eu tenho meu Rock and Roll Hall of Fame particular. Nele, estão artistas completamente esquecidos por essa “história oficial”. Onde está o Steppenwolf, hoje lembrado apenas por “Born to Be Wild”, transformada em jingle de motocicleta? Onde está o Iron Butterfly, que antecipou o Led Zeppelin em um par de anos? E a J. Geils Band, que deu um banho de suingue nos Stones durante os anos 1970?
Onde estão os Troggs, a banda mais suja do Flower Power? Onde estão os Zombies, que misturavam rock com jazz antes de Miles Davis? Onde está o Ten Years After, que incendiou Woodstock com o rock mais básico do mundo? E Donovan, que conseguiu ao mesmo tempo ser um experimentador musical e emplacar um hit atrás do outro? Onde estão os canadenses do Guess Who, os autores de “American Woman”? Onde está a homenagem à complexa obra de Ian Anderson e seu Jethro Tull? E Jeff Beck, não merece um trono por tudo o que já fez com sua guitarra?
Nenhum deles está no R&R Hall of Fame. Foram esquecidos. No lugar deles foi indicado neste ano Leonard “Preciso de um Prozac Urgente” Cohen. E Madonna. Madonna!?
Toda instituição tem sua história oficial. O rock não foge à regra. Ainda existe o rock-‘n’-roll vivo, alternativo, capaz de incendiar platéias. Mas ele está cada vez mais restrito a bandas cover tocando em palquinhos de bares esfumaçados. E nas metafóricas garagens, é claro, onde pessoas juntam suas guitarras, baixos e baterias para tremer a vizinhança com fúria e alegria.
Mas a instituição “oficial” rock-‘n’-roll está se cristalizando num ritual manjado de truques repetitivos. Tivemos a oportunidade de ver recentemente no Brasil dois exemplos típicos desse enferrujamento – os megashows dos Rolling Stones e do U2 e seus truques de cena para disfarçar a atual mediocridade musical dessas bandas.
A história “oficial” do rock hoje tem até um “Salão da Fama” num museu instalado em Cleveland, Ohio. A cada ano são escolhidos para o Rock and Roll Hall of Fame novos membros. Essa escolha virou um importante evento anual de mídia. A lista começou em 1986 e de cara homenageou todos os grandes nomes da origem do gênero – Chuck Berry, Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Fats Domino, Bill Haley, Carl Perkins etc. Até aí não há o que discutir. Vieram depois outros nomes óbvios como os Beatles, os Stones, The Who, Jimi Hendrix, Cream, The Doors, Animals, Led Zeppelin, Frank Zappa, Pink Floyd, Queen, Aerosmith, Ramones, Van Halen, Clash.
Chegamos aos indicados de 2008 e quem está lá? Madonna! Madonna no Rock and Roll Hall of Fame?! Nada contra ela, nem contra seus fanáticos seguidores, mas o rock ainda merece algum respeito. Se existisse um “Marketing Hall of Fame”, eu seria o primeiro a dar meu voto a madame Ciccone. Mas Madonna no salão do rock?
Eu tenho meu Rock and Roll Hall of Fame particular. Nele, estão artistas completamente esquecidos por essa “história oficial”. Onde está o Steppenwolf, hoje lembrado apenas por “Born to Be Wild”, transformada em jingle de motocicleta? Onde está o Iron Butterfly, que antecipou o Led Zeppelin em um par de anos? E a J. Geils Band, que deu um banho de suingue nos Stones durante os anos 1970?
Onde estão os Troggs, a banda mais suja do Flower Power? Onde estão os Zombies, que misturavam rock com jazz antes de Miles Davis? Onde está o Ten Years After, que incendiou Woodstock com o rock mais básico do mundo? E Donovan, que conseguiu ao mesmo tempo ser um experimentador musical e emplacar um hit atrás do outro? Onde estão os canadenses do Guess Who, os autores de “American Woman”? Onde está a homenagem à complexa obra de Ian Anderson e seu Jethro Tull? E Jeff Beck, não merece um trono por tudo o que já fez com sua guitarra?
Nenhum deles está no R&R Hall of Fame. Foram esquecidos. No lugar deles foi indicado neste ano Leonard “Preciso de um Prozac Urgente” Cohen. E Madonna. Madonna!?
E quem escreve o que não deve, ler o que não quer. O MInsano Marcelo de Macedo, enviou uma resposta a revista Época, que por sinal, precisa escolher melhor seus colunistas:
Acho que a própria coluna do Dagomir Marquezi responde à sua pergunta final. Onde estão Steppenwolf, Iron Butterfly, J. Geils Band, os Troggs, os Zombies, o Ten Years After, Donovan ou Guess Who? Alguém sabe? O que aconteceu com esse povo todo? E Madonna? Alguém sabe? Pois Madonna completa 25 anos de carreira este ano e este é o período mínimo de carreira para um artista ser indicado ao Hall da Fama.
Se o que Madonna fez nestes 25 anos foi rock ou não pode ser discutido, mas jamais sua enorme contribuição para a música. (E você menciona que ela deveria entrar para o Marketing Hall of Fame como se ela não merecesse homenagens por contribuições a música). Foram 10 álbuns de estúdio (sendo que o décimo primeiro, Hard Candy, sai em Abril), 250 milhões de álbuns vendidos em todo o mundo, mais que qualquer outra artista feminina.
Dagomir, você já parou para pensar como é conseguir emplacar 35 músicas no TOP 10 da Billboard? E trinta e cinco músicas absolutamente diversas que vão do pop clássico, onde ela se consagrou, a músicas que podem ser enquadradas como rock, sem dúvida nenhuma. Se você tem dúvida disso, peço que veja performances ao vivo de Ray of Light, American Life e Candy Perfume Girl. Desculpa se para você isso foi "puro" marketing. Embora ela seja sim uma grande mulher de mercado, Philip Kotler não teria feito ela chegar onde chegou sem realmente ter feito música de altíssima qualidade.
Uma mulher que atingiu marcas como essa numa vida fortemente dedicada a música, não somente como cantora, mas como compositora e produtora, merece sim entrar para o Hall da Fama. Do Rock também."
Se o que Madonna fez nestes 25 anos foi rock ou não pode ser discutido, mas jamais sua enorme contribuição para a música. (E você menciona que ela deveria entrar para o Marketing Hall of Fame como se ela não merecesse homenagens por contribuições a música). Foram 10 álbuns de estúdio (sendo que o décimo primeiro, Hard Candy, sai em Abril), 250 milhões de álbuns vendidos em todo o mundo, mais que qualquer outra artista feminina.
Dagomir, você já parou para pensar como é conseguir emplacar 35 músicas no TOP 10 da Billboard? E trinta e cinco músicas absolutamente diversas que vão do pop clássico, onde ela se consagrou, a músicas que podem ser enquadradas como rock, sem dúvida nenhuma. Se você tem dúvida disso, peço que veja performances ao vivo de Ray of Light, American Life e Candy Perfume Girl. Desculpa se para você isso foi "puro" marketing. Embora ela seja sim uma grande mulher de mercado, Philip Kotler não teria feito ela chegar onde chegou sem realmente ter feito música de altíssima qualidade.
Uma mulher que atingiu marcas como essa numa vida fortemente dedicada a música, não somente como cantora, mas como compositora e produtora, merece sim entrar para o Hall da Fama. Do Rock também."
Dagomir Marcelo
Fone: MInsane/Revista Época/Marcelo de Macedo.
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